Segundo o relato de Luís de Pina terá aparecido uma moeda de ouro, de cunhagem árabe, na zona da Quinta da Ribeira, aquando da abertura de um rego para batatas. Segundo este autor, a moeda foi encontrada “perto da Quinta da Ribeira”, mas distante do forno romano descoberto na referida propriedade (Pina, 1928).

A moeda em questão é um dinar com 19mm de diâmetro e 4,3 gr de peso (Cardozo,1939), datado do ano 102 (Pina, 1928) da era islâmica (ano 721). A cunhagem encontra-se em caracteres árabes, seguindo a regra da total ausência de elementos figurativos. Os dois lados da moeda encontram-se gravados com epígrafe de foro religioso: “Não há mais do que um só Deus”, “Mohamede é o Enviado de Deus. Enviou-o com boa direcção e a religião da verdade”, “Em nome de Deus misericordioso e clemente” e “Foi cunhado este dinar no Andaluz no ano de 102”, segundo as indicações de Luís de Pina (Pina, 1928).

Estamos perante uma peça particularmente relevante, tanto pela sua raridade, dado que se regista um único exemplar coevo no Museu Numismático Português (Losa, 1958), como pelo seu significado histórico. O facto de conhecermos o contexto de achado desta moeda, faz com que se constitua como referencial histórico-arqueológico para o período sequente às invasões árabes de 711, cujos ecos diretos no norte Portugal são raros. A sua ocorrência pode ser interpretada em conexão com a ocupação de origem romana localizada na envolvente da Igreja de Ponte, a qual se estende, pelo menos parcialmente, à Quinta da Ribeira. Tal facto, leva a equacionar a possibilidade desta ocupação se ter dilatado no tempo, mantendo-se durante o séc. VIII d.C., embora com caraterísticas e funções desconhecidas.

A peça está integrada no acervo do Museu da Sociedade Martins Sarmento, fruto da doação efetuada por Luísa Cardoso de Meneses (Cardozo, 1939).