Em 1948, na sequência da demolição de uma antiga cozinha da propriedade do Assento de S. João de Ponte, para alargamento do adro da igreja, foi encontrada uma ara com inscrição NYNPHIS / G(aius) . SVLP(icius) . FES/TVS . EX VOTO (Redentor 2017, 183, 572), que poderá ser interpretada como: Dedicada às Ninfas, Gaio Sulpício Festo cumpriu o voto; atualmente encontra-se depositada no museu da Sociedade Martins Sarmento, com o número de inventário SMS-Epi-0190.

Trata-se de uma ara em granito, com 74 cm de altura, 39,5 cm de largura e 29,5 cm de espessura. Encontra-se trabalhada nas quatro faces, sendo que o cimácio não está completo. Ainda se podem ver indícios do puluilli e do fastigium, que enquadra o foculus circular - quase completamente desaparecido, tal como os cordões de união aos rolos laterais. Logo abaixo destes elementos, temos a cornija - representada por uma faixa saliente - e uma "gola directa antecedida por quarto de círculo reverso" (Redentor 2017, 92-3) que liga o capitel ao fuste. Na base temos a inversão da sequência decorativa da cornija. O campo epigráfico encontra-se na face frontal do fuste, estando bastante desgastado e lascado, o que afeta alguma parte da epígrafe.

A peça é uma ara dedicada às Ninfas, divindades greco-romanas associadas às águas. Desta forma, o seu aparecimento no entorno da igreja de S. João de Ponte é um indício manifesto da divulgação do culto das águas nesta região, quer por cidadãos romanos quer por indígenas, em continuidade de cultos pré-romanos. Da mesma forma, a dispersão deste tipo de peças nas áreas adjacentes a recursos mineromedicinais -neste caso das Caldas das Taipas- poderá sugerir uma função votiva de natureza terapêutica.