Por ocasião de escavações para plantação de árvores, foi encontrado um forno cerâmico na Quinta da Ribeira, no “Lugar de Fornos”, em espaço contíguo ao Monte da Ínsua. O local é uma leira em socalco imediatamente acima da parcela denominada "Poça de Fornos" que, como o nome indica, possui uma poça.

O forno, tal como no-lo descreve e desenha Luís de Pina, era escavado no solo, e encontrava-se a cerca de um metro abaixo do nível do solo. A estrutura era composta por duas paredes de alvenaria tosca, de traçado paralelo, definindo uma pequena galeria, a qual deveria corresponder ao praefurnium. A rematar a galeria surge uma cavidade, a câmara de combustão, cujas paredes laterais “são formadas pela própria terra, à qual se encostam, de cada lado, três colunas de tijolos circulares, acamados em pilha, sustentando assim a pesada abóbada de terra e pedregulho” (Pina, 1928). Estes tijolos são descritos como tendo cerca de 30 cm de diâmetro e 5 de espessura, apresentando alguns evidência de dedadas. A descrição releva que a parede posterior era composta de alvenaria grosseira e barro, sendo que os arcos de suporte apresentam um perfil abatido. Já o pavimento da câmara apresentava-se com tijolo e barro. Na ligação entre a câmara de combustão e o praefurnium, são referidos mais arcos semelhantes aos interiores.

A descrição deixa ainda eco da existência de grelha, ou suspensurae, já que foram detetados 7 orifícios na abóbada entre o topo dos arcos. Surgia também, na zona posterior da câmara, um orifício de maior dimensão, então interpretado como “possível tiragem ou chaminé do forno” (Pina, 1928).

Foram encontrados diversos fragmentos de telha tanto no interior do forno como na galeria, misturados com terra. De resto, e segundo informações do Dr. Freitas Ribeiro, “numa área de mais de trezentos metros, aparece frequentemente telha análoga à que foi encontrada na galeria e no forno” (Pina, 1928), sendo em cerâmica grosseira, e estando alguma mal cozida.  Ainda segundo Freitas Ribeiro, foram exumados no local um fragmento de dolium, dois fragmentos de cerâmica tipo Penha, um possível numisma, bem como uma pedra de amolar, esta depositada na Sociedade Martins Sarmento.

Face aos elementos descritos fica a impressão de se tratar de um forno cerâmico destinado maioritariamente a material laterício, que tipologicamente corresponde a um dos modelos mais comuns em época romana: forno de tiragem vertical e chama livre, de funcionamento descontínuo, composto por dupla câmara. É certo que a descrição existente não menciona a câmara de cozedura, que se deveria sobrepor à câmara de combustão, sobre a grelha, esta referida.  Fica a dúvida de quais as suas características, se seria uma estrutura permanente ou reedificada a cada carga. A segunda hipótese parece mais provável já que muito dos ímbrices detetado na envolvente poderiam corresponder ao remanescente desta estrutura temporária depois de destruída.

Este equipamento industrial deverá relacionar-se com a ocupação romana em torno na Igreja de S. João de Ponte, e à qual correspondem vários achados epigráficos, bem como a uma possível necrópole da mesma cronologia.

Os trabalhos de reavaliação realizados no local permitiram localizar, com razoável rigor, a área correspondente ao achado do forno, já que ainda sobrevive o topónimo "Poça de Fornos" dentro da Quinta da Ribera, sendo que a leira acima desta é designada como "Leira de Fornos". A leira entre o Monte da Ínsua e a pequena elevação onde existe a Capela da Quinta encontra-se arborizada, oferecendo visibilidade do solo reduzida, mas detetou-se algum material laterício à superfície.