Em estudo.

O topónimo Agra, referenciado nas inquirições de 1258 como ager mauro encontrava-se associado a uma leira regalenga com a obrigação de dar ao rei a terça parte dos frutos aí produzidos.

Desde a Idade Média o lugar da Agra integrava os casais de Candaído de Baixo e de Cima, cujo domínio útil andava aforado a lavradores abastados pelos senhorios diretos, os Cónegos da Colegiada.

Em finais do séc. XV era senhora da Agra, Maria Afonso, casada com Martim Afonso, que declararam possuir o dito casal a que chamam Agra de Riba de Selho, propriedade dos Reverendos Cónegos, correndo a propriedade nas gerações seguintes.

O prazo Candaído de Baixo, em meados do séc. XVIII, era pertença útil de Cosme Veloso e Joana Fernandes e era constituído por três leiras. Candaído de Cima andava emprazado a Bento da Costa Guimarães e a sua mulher Maria dos Reis, que fizeram prazo em 1728 de «(…) huma Casa terria cita no dito lugar de Candaide (…)», sucedendo-lhes na propriedade o filho, o Doutor António da Costa Abreu, que casou com Rosa Maria do Vale Pinto, uma criada da casa de seus pais, de quem tivera uma filha legitimada pelo subsequente matrimónio.

Este, em 1773 adquire a Domingos Ferreira, por título de compra, o prazo de Candaíde de Baixo, unindo os dois prazos, que passam a ser designados como quinta da Agra.

Sucedeu na Agra a filha do casal, Dona Maria Teodora da Costa e Abreu, casada com José Bento Ribeiro. A estes o Cabido fez novo prazo em 1803, onde se pode encontrar a descrição da quinta «(…) o assento e casas desta Quinta de Agra que se acham edificadas e reedificadas de novo na terra dos dois prazos  digo na terra dos prazos de Candahido de Cima e de Baixo  e são de pedra telhadas pintadas de vermelho com seu pátio de pedra para o poente defronte do portal da entrada e por baixo tem suas loges onde tem a adega e próximo a estas tem suas cortes de gado e mais casas de recolhimento de caseiros e para o sul tem um grande pomar de Espinho e hortas e quintal e para o norte ficam as leiras e terras lavradias (…) e no fim delas ficam outras casas de sobrado ao correr da estrada velha que vai para os moinhos com suas loges onde tem o lagar e no mesmo andar tem suas cortes de gado com sua barra por cima tudo telhado com seu quinteiro para o nascente fechado de parede e de fronte das casas principais desta quinta da parte de dentro do portal tem um terreno onde tem uma carvalha grande e tudo se acha circuitado de parede (…)» (AMAP: C- 1144).

É na constância deste matrimónio que se operam as grandes benfeitorias na Agra, com a construção da casa nobre, dos muros que ladeiam a quinta, os portões e ainda a construção de outras dependências agrícolas, como o alpendre.

A propriedade seguiu na família, passando para as mãos do filho Francisco José Ribeiro de Abreu, casado com Ana Emília Araújo Martins da Costa. Sucedeu a estes o filho, Francisco Ribeiro Martins da Costa, o célebre Francisco Agra. Capitalista vimaranense, político influente, Francisco Agra era conhecido pela sua inteligência e invulgar caráter. Chefe do “partido franquista”, Francisco Agra era um dos maiores proprietários vimaranenses, cuja generosidade era conhecida por todos os pobres do concelho.

Na bouça da Pousada, pertencente a Agra, Francisco Ribeiro Martins da Costa foi assassinado em 26 de junho de 1901, com um tiro de espingarda, deixando a sociedade vimaranense consternada, mas também muitas individualidades nacionais da época, com quem mantinha relações políticas. A impressa local noticiou a tragédia: «(…) Francisco Ribeiro Martins da Costa morreu, morreu e com elle o homem bom, leal, cavalheiros e amigo, morreu e com elle a luz diamantina d`uma intelligencia apurada, o oiro bom d`um caracter austero (…)»(O Commercio de Guimarães, XVIII anno, nº 1591, 28 de junho de 1901).

Inicialmente, a autoria do crime foi atribuída a Júlio de Campos, que acabou por ser preso, julgado duas vezes e pelas duas vezes ilibado, tendo por defensor o republicano Afonso Costa.

Mais tarde, foi dado como autor do crime José de Oliveira, conhecido por Zezinho de Segade.