A Quinta da Caserna está localizada na zona oeste da freguesia, próximo de Vermil. Os edifícios que a compõem são três, um de apoio agrícola e pecuária, um de habitação e um pequeno sequeiro. Estão implantados numa cota superior à dos campos que os circundam e todo o conjunto apresenta um tom vernacular.

Os edifícios agrícola e de habitação caracterizam-se por duas volumetrias longitudinais, implantadas paralelamente, com uma torção de 30 graus entre elas, criando um espaço triangular de eido entre elas. Ambas têm paredes exteriores em alvenaria de granito e coberturas de duas águas telhadas.

O edifico de apoio agrícola e pecuária tem planta retangular longitudinal, que termina em “L” na zona da porta carral, com acesso pela rua João Paulo II. A fachada voltada para o exterior é cega, com uma fresta de ventilação contínua junto à cobertura, em ripado de madeira, abrindo-se apenas para lado do eido.

A volumetria da habitação tem dois pisos, sendo o térreo de serviços e o superior de habitação. A planta é retangular longitudinal também terminada em “L” do lado poente. O piso de habitação é acessível por uma escada localizada no centro da fachada do eido. Quase toda a fachada norte é marcada pelo varandim, coberto pelo prolongamento da cobertura.

O sequeiro implanta-se a poente, com planta retangular e cobertura de duas águas, voltando-se para uma eira a sul.

A 12 de julho de 1564 residiam na quinta da Caserna ou Casa Erma, Gonçalo Fernandes, lavrador, e sua mulher Maria Anes (AMAP: C-932 b, fl. 228 v-229).

Pelo mesmo período, um outro casal residia em Casa Erma: Cristóvão Dias e sua mulher Catarina Fernandes, provavelmente filha dos anteriores, que batizam um filho a 4 de novembro de 1565 (AMAP: P-135, fl. s/nº, nº 2). É possível que seja a mesma Catarina Fernandes da Casa Erma a casar segunda vez com Diogo Pires, de Pedome, a 5 de fevereiro de 1577 (AMAP: P-135, s/nº, v, nº 15).  

O próximo casal a residir na Casa Erma será Belchior Pires, também nomeado Belchior Dias, e Catarina Dias, equacionando-se a possibilidade de esta ser filha do primeiro matrimónio da herdeira da Casa Erma, Catarina Fernandes, com Cristóvão Dias. Aqui nasce sua filha Catarina em março de 1602 (AMAP: P-236, fl. s/nº, nº 1).

A 15 de setembro de 1611 um novo casal reside na Casa Erma, talvez em propriedade desmembrada do prazo original, ou outro prazo da Casa Erma. Gaspar Soares e sua mulher Maria Correia batizam sua filha Joana (AMAP: P-136, fl. s/nº, nº1). Aí falece sua sogra Filipa Álvares, a 28 de janeiro de 1615, com testamento (AMAP: P-136, fl. 4, nº 1), bem como sua mulher, a 18 de novembro de 1640 (AMAP: P-137, fl. s/nº v, nº 1), na condição de muito pobre. Gaspar falece a 25 de abril de 1651 (AMAP: P-138, fl. 106, nº 1). A fazenda seguiu em sua filha Maria Soares, falecida a 03 de outubro de 1677, cujo quinhão irá vender a Francisco Dinis e sua mulher Custódia Luís residentes em Casa Erma, tendo disposto os seus bens de alma na referida venda, como se conclui pelo registo de óbito: «(…) o dispendio que se fez no dito ofício deu Francisco Dinis do dito lugar por comprar uma fazenda da dita defunta com obrigação de lhe satisfazer os bens d’alma o que constou da carta de compra (…)» (AMAP: P-138, fl. 128, nº 1).

Francisco Dinis e Custódia Luís são os novos senhores do domínio útil do casal da Caserna. Além desta propriedade, eram também senhores do casal de Frades, foreiro ao Cabido, propriedade que lhes foi dotada por Francisca Ferreira, viúva de Simão Álvares, senhores do casal de Brito, (AMAP: C-942, fl. 89, nº 107) tia de Custódia Luís, falecida a 28 de janeiro de 1679 (AMAP: P-138, fl. 130, nº 1).

Francisco e Custódia casaram na paroquial de Brito (São João) a 03 de agosto de 1671, (AMAP: P- 138, fl. 93 v, nº 3). Ele nascido no casal de Serviães, em Mesão Frio (São Romão) a 08 de maio de 1644 (AMAP: P-548, fl. 14 v, nº 2), falecido na quinta da Casa Erma a 28 de setembro de 1704 (AMAP: P-139, fl. 63, nº 2), filho de António Gonçalves, natural de Atães (Santa Maria) e de sua mulher Antónia Dinis, natural do casal de Serviães, Mesão Frio (São Romão); neto paterno de Gaspar Gonçalves e de sua mulher Isabel Gonçalves; neto materno de Baltazar Fernandes e de sua mulher Margarida Dinis, senhores do domínio útil de Serviães. Custódia Luís era natural da Venda do Barco, em Caldelas (São Tomé), onde nasceu a 21 de abril de 1656 (AMAP: P-159, fl. 35 v, nº 4), falecida na quinta da Casa Erma a 10 de agosto de 1713 (AMAP: P-139, fl. 75 v., nº 1), filha de António João e de sua mulher Catarina Luís, vendeiros e estalajadeiros na Venda do Barco.

Francisco e Custódia fizeram suceder na propriedade do domínio útil da Casa Erma seu filho mais novo, Manuel Dinis, nascido na Casa Erma a 14 de dezembro de 1692 (AMAP: P- 138, fl. 80 v, nº 3). Casou primeira vez em Brito (São João) a 23 de maio de 1709 (AMAP: P-139, fl. 19, nº 2) com Isabel de Matos, nascida no casal de Vila Meã a 18 de agosto de 1683 (AMAP: P-138, fl. 56 v., nº 3), filha de Jerónimo Gonçalves e de sua mulher Maria de Matos de Vila Meã. Casou segunda vez com Luísa Mendes.

Sucedeu-lhes seu filho Gabriel Dinis, nascido na Casa Erma a 05 de maio de 1721 (AMAP: P-140, fl. 94 v, nº 2) e casado na freguesia de Serzedelo (Santa Cristina) com Maria Ribeiro, nascida no casal do Paço, Serzedelo (Santa Cristina), filha de Veríssimo de Abreu, senhor herdeiro do casal do Paço e de sua mulher Ana Ribeiro do Vale, esta filha de Paulo Gomes de Abreu e de Ângela Ribeiro do Vale, senhores de Chamozinhos.

Herdou o domínio útil do casal de Casa Erma sua filha Francisca Ribeiro Dinis, aí nascida a 12 de setembro de 1752 (AMAP: 141, fl. 155 v, n. 1). Casou na Igreja de Brito (São João) a 08 de maio de 1774 (AMAP: P-149, fl. 37, nº 2) com o capitão Custódio José Rodrigues da Silva, filho legitimado do Padre Domingos Rodrigues da Silva, natural de São João de Ponte e de Catarina da Silva, de Santa Maria de Airão.

Esta será provavelmente a última geração de lavradores, senhores do domínio útil a possuir a Casa Erma, uma vez que durante o século XIX a propriedade é ocupada por caseiros simples, pelo que se pressupõe que o domínio foi alienado. Desconhece-se quem foram os compradores.