A “Cidade de Pedraúca”, na freguesia de Serzedelo, faz parte da tradição oral de fundo mítico local, materializada num local que consubstancia esta mística, da qual Francisco Martins Sarmento (1896) faz menção nos seus escritos. Segundo este autor, Pedráuca ficaria na aldeia de Castro, ocupando uma parte do Monte dos Pedrados e os campos contíguos, como o Campo dos Pinheiros. 

A “Cidade de Pedraúca” localiza-se em plena zona de vale, na vertente poente do monte das Senhoras do Monte. Trata-se de uma zona que atualmente se encontra bastante urbanizada, com habitações, e constata-se que sobrevivem alguns dos topónimos referidos por Martins Sarmento, como por exemplo na Rua dos Pedrados ou na Rua dos Pinheiros.

Segundo as informações legadas por Martins Sarmento nesta zona encontraram-se diversos fragmentos de telha com rebordo, bem como fragmentos cerâmicos de peças de uso doméstico. Para além destes vestígios, salienta ainda a (re)utilização de alguma pedra de grão fino nas paredes das casas desta zona.

No campo dos Pinheiros, uma parcela situada no aro apontado para a localização da “Cidade de Pedraúca” foi encontrada uma ara romana dedicada ao deus Corono.  Segundo a informação que o proprietário então transmitiu a Martins Sarmento, ao plantar duas árvores aquele descobriu o alicerce de uma estrutura, a cerca de um metro de profundidade, a qual soterrou de imediato, tendo apenas aproveitando algumas das suas pedras.

O espaço em questão está atualmente muito alterado pela urbanização e respetivas infraestruturas.  Contudo, a observação cuidada do terreno no quadro deste inventário permitiu ver alguns fragmentos de telha e de tijolo de fabrico galaico-romano, corroborando assim as descrições de Francisco Martins Sarmento. Desta forma, é lícito presumir que neste local terá existido uma ocupação de tipo agrário em época galaico-romana.