A Quinta da Espinhosa está localizada na freguesia de Azurém, ficando a menos de um quilómetro do centro histórico da cidade de Guimarães, numa envolvente urbanizada, outrora ocupada por áreas agrícolas confinantes com a cidade. A propriedade tem uma implantação voltada a sul, com a casa principal numa encosta sobranceira à área que é contígua a sul. Registos históricos atestam o carácter agrícola do local já desde o século XV, onde são referidas vinhas e várias árvores de fruto e castanheiros[1]. Em registos fotográficos[2] dos inícios do século XX é possível ainda perceber a envolvente agrícola à Casa da Espinhosa, os seus jardins, horta e pomar ajardinado (atualmente inexistente) e as vistas desafogadas para a cidade e arrabaldes. A casa, projetada em 1921 pelo arquiteto Marques da Silva, possivelmente o mesmo autor do desenho dos jardins, foi mandada construir em 1923 por Francisco Costa, grande industrial da cidade de Guimarães, juntamente com os jardins.[3] Sabe-se que à época o arquiteto Marques da Silva colaborava com o jardineiro-paisagista Jacinto de Matos, seu contemporâneo, sendo, assim, provável a sua colaboração no desenho e construção do jardim formal e do bosquete que implantado na colina voltada a sul, a norte da casa. Neste bosquete foi construído o pombal e o lago com gruta, caraterístico da época e do estilo de outros trabalhos do jardineiro-paisagista Jacinto de Matos. A área atual da propriedade é ocupada pela casa, jardim formal na lateral a sul do edifício, conjunto de camélias (Camellia japonica) a poente, terreiro em saibro a toda a volta da casa, zona com piscina (de desenho mais contêmporaneo), caminho coberto por vinha em ramada, fonte e tanque, caminhos e um bosquete. O espaço do bosquete domina esta zona de Azurém, tanto pela sua área, como pelo tamanho dos exemplares arbóreos notáveis, com a implatação sobranceira na encosta.[4]

A propriedade fica implantada em plataforma mais elevada, com colina a norte, sendo o acesso à quinta feito a este, pela rua do Pombal, com um pequeno adro criado pelo recuo relativamente ao alinhamento da rua do muro semi-circular, entrando-se por um portão em ferro. Da parte de fora do muro, duas tílias, antecipam a pequena alameda com mais tílias (Tilia tomentosa) que encaminham até à entrada da casa. Os espaços ajardinados ficam num patamar inferior relativamente ao patamar em que está implantada a casa e o terreiro de saibro a envolve. No lado este, voltado para a fachada principal, o terreiro em saibro descreve um semi-círculo, fechado por canteiros, delimitados por guias em granito e floreiras em forma de taça também em granito. Estes canteiros são interrompidos por dois degraus em granito que dão acesso ao patamar do espaço ajardinado, formado por canteiro circularem buxo (Buxus sempervirens), rematado por vala em em micro-cubo de granito. Do lado sul da casa, o terreiro também é limitado por canteiro em granito, com três lagerstroémias (Lagerstroemia indica), interrompido por um pequeno lanço de escadas, com 6 degraus e duas taças a servir de floreira com bergénias (Bergenia cordifolia), de cada lado das escadas. O jardim formal do lado sul fica num patamar retangular, com varadim em pedra de granito que o fecha a sul. Em cada extremo do varadim, a fechar os cantos deste patamar, encontram-se namoradeiras, duas de cada lado, a formar um ângulo reto entre si, assinalado por pináculo em granito. O paramento interior das namoradeiras é formado por azulejo que, de acordo com informação dos propriétários, terão sido fabricados pelas “Cerâmicas Aleluia”. As formas dos três pequenos “parterres” acompanha as formas quadrilobadas dos canteiros centrais. São envolvidos por caminhos em saibro rematados por fileiras de cubo em granito (formando pequenas valetas) e o interior dos canteiros é atualmente ocupado por um relvado, correspondendo a antigos canteiros de um “parterre”, compostos por vegetação arbustiva e subarbustiva talhada e plantas anuais[5].

O “parterre” central tem um chafariz em granito com taça sobre fuste de base cúbica, com pedra trabalhada. O tanque baixo em granito, com o chafariz central, tem forma quadrilobada e envolvido, atualmente, por canteiro relvado. Os outros dois “parterres” têm no centro uma taça em granito, a servir de floreira, sobre coluna na mesma pedra. Na parte oeste da casa, encontramos uma coleção de camélias (camellia japonica) que formam sebe protegendo a propriedade da envolvente. No centro deste espaço a oeste da casa principal, encontra-se um pequeno espaço de estar, com bancos em granito, rodeado pela coleção de camélias que os envolve em sebe interrompido por duas estruturas em ferro, pintadas de cor rosa – no mesmo tom que a casa, que formam pérgolas em arco, assinalando as entradas para o espaço de estar referido. Ainda deste lado oeste, no fundo do jardim, fica o espaço com piscina, relvado com camélias que fazem sombra para o banco semi-circular em pedra. Ainda mais a oeste relativamente à casa, mesmo no extremo da propriedade, encontra-se um tanque quadrangular em granito, com espaldar na mesma pedra. Este tanque, com fonte e lavadouro, tem um nicho no centro do espaldar, com escultura em pedra da figura de S. Francisco. Tem inscrita a data de 1925, supondo-se ser a data de construção,  ou reconstrução da fonte), ao centro em cima, e duas bicas laterais, de cada lado do nicho, com arco em pedra desenhado no espaldar encimado por dois pequenos pináculos centrais. Voltando ao terreiro em saibro no lado norte da casa, acede-se a pequeno pomar, num patamar mais alto. A partir deste patamar desenvolve-se um caminho, com um desnível acentuado, coberto em parte por vinha em ramada, que envolve pelo lado oeste toda a mata ornamental da Casa da Espinhosa. Por este caminho acede-se à mata, localizada num. ponto de cota mais alta, no fim de escadaria estreita em pedra no topo do caminho já referido. Na área do bosquete à cota alta, no extremo norte, podemos encontrar uma gruta e lago artificiais caraterísticos dos jardins dos inínicios do século XX. A gruta de formas sinuosas e naturalizadas, é construída em argamassas de cimento argamado com estruturas de ferro, com acabamento que procura assemelhar-se ao material natural, como a pedra e os ramos de árvores, numa construção típica à época.

A gruta abre-se para o lago, também artifical, de formas orgânicas, envolvido por alguns arbustos, numa área mais aberta do bosquete. Próximo do lago existe um pombal, uma construção circular, com cerca de 5 metros de altura. A partir daqui o terreno vai perdendo cota, sempre em desnível até ao caminho de acesso à casa principal. Os caminhos que percorrem o bosquete são sinuosos, com alguns degraus em granito e patamares. O conjunto arbóreo desta mata é composto essencialmente por coníferas, das quais se pode destacar os vários cedros (entre os identificados, os Chamaecyparis lawsoniana), os ciprestes-do-Buçaco (Cupressus lusitanica) , algumas folhosas, como os carvalhos-alvarinho (Quercus robur) e o carvalhos-americanos (Quercus rubra) e outra vegetação de menores dimensões como o medronheiro (Arbutus unedo) e o loureiro-de-Portugal (Prunus lusitanica). Na cota mais abaixa do bosquete, próximo da casa, pode-se encontrar uma área circular, com um canteiro central, com agapantos (Agapanthus africanus) a envolver palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis) envolvidos por pavimento em calçada irregular de granito, marcando algum formalismo do desenho de caminhos neste ponto.

[1] AMAP: PT/TT/CSMOG/DR3/08, de 18 de junho de 1445.

[2] in https://espinhosa.blogs.sapo.pt/ (acedido a 13/05/2020)

[3] in http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=27398  (acedido a 13/05/2020)

[4] in https://www.jardinshistoricos.pt/ad/409 (acedido a 13/05/2020)

[5] in https://espinhosa.blogs.sapo.pt/ (acedido a 13/05/2020)