A Quinta da Laje é uma propriedade localizada na Avenida Condessa Mumadona Dias, por onde se acede através de portão que dá acesso ao quinteiro da casa. É delimitada por muro de granito em todo o seu perímetro. A norte caracteriza-se por área agrícola de cultivo que remata com as poças da Laje fora já do limite da propriedade. A nascente confronta com três habitações que compõem o Largo do Jogo e a poente com o Beco da Laje que permite o acesso a uma habitação de destaque datada do século XVIII. O conjunto desenvolve-se na área sul dos atuais limites da propriedade, composto por edifício de habitação, espigueiro e uma área de recreio mais recente com jardim e piscina exterior.

Do lado oposto da entrada na Av. Condessa Mumadona identifica-se um imóvel que pela sua implantação pertenceu provavelmente à propriedade da Laje. Atualmente, este imóvel encontra-se envolvida por vegetação impossibilitando a sua descrição.

A casa principal desenvolve-se em “L” orientado a nascente. O edifício possui cércea de dois pisos e vãos ritmados e a sua volumetria é rematada por cobertura de quatro águas. A habitação desenvolve-se no piso superior e os apoios agrícolas no piso inferior. O acesso ao piso superior realiza-se por escada central através do quinteiro. O alçado sul voltado para o arruamento possui varandim de gosto oitocentista. Apresenta estrutura ornamentada em ferro para onde abrem vãos de janelas equidistantes com molduras de granito.

Os casais da Laje eram propriedade da comenda de Chavão, da Ordem de Malta e andavam aforados em duas famílias de lavradores principais, senhores do domínio útil.

A 20 de fevereiro de 1555 o “muito honrado” Gonçalo Dias, capelão da Igreja de São Martinho de Gondomar, fez uma «(…) doação antre vivos a seu filho para seu governo e sustentamento por muitos serviços que lhe tinha feito lhe dava a sua bouça de Penouços dita na dita freguesia que partem com terras de Santa Maria de Souto herdade de dízimo a Deus e as casas da Lágea sitas na dita freguesia e assim as mais herdades que aí tem (…)».

Cerca de trinta anos após esta doação, residiam na Laje, Gonçalo Pereira e sua primeira mulher Maria Gonçalves, prováveis parentes de Francisco Pereira. Neles seguiu um dos prazos da propriedade, foreiro à comenda de Chavão, que posteriormente o dotam ao filho Miguel Pereira para casar com Isabel Rodrigues, do casal de Currelos, em Sande (São Lourenço).

Durante o último quartel do século XVIII, o edificado da quinta sofreu uma reabilitação com a construção da varanda com seu quarto forrado, a colocação de pilares de pedra com suas escadas, também de pedra, com duas portas e uma janela no sobrado. Foi alargado o eido, construída a parede do muro e feita uma parede na corte das cabras. A eira foi também ladrilhada e reedificou-se a casa do palheiro ou seleiro. Estas benfeitorias são dadas à colação no inventário de menores pelo óbito de Custódio José Fernandes em 1805. Esta propriedade irá integrar um outro prazo que na primeira metade do século XVIII pertenceu a Custódio Pereira Rodrigues[1].

A par destes prazos, a Ordem de Malta possuía no lugar da Laje um outro prazo pertença de Jerónima Luísa que integrava também propriedades saídas do casal do Sabugueiro[2].

[1] Foros de Malta de 04-fev-1832, Documento Particular propriedade de Abel Cardoso. «O Casal da Laje que he dono Jerónimo José Fernandes e são dois casaes unidos que hum foi de Custódio Pereira que acharaõ render anoal quarenta alqueires e vinho quinze almudes que he o seu rendimento anoal vinte mil e quinhentos e secenta comresponde a dessima com – 2056 – Pagaõ estes casais de foro às freiras dominicas sete alqueires de meado e 480 a Rendufe».

[2] Foros de Malta de 04-fev-1832, Documento Particular propriedade de Abel Cardoso. «Jerónima Luísa pelo seu cazal da Lage que he foreiro a Malta que paga de foro anoal. Acharaõ render anoal livre de cultura pam trinta alqueires e vinho oito almudes que emporta o seu rendimento anoal treze mil e novesentos e setenta que corresponde à dessima anoal de 1$ 390. A mesma por terras que sairaõ do cazal do Sabogueiro acharaõ render anoal Pam liquido sinco quartos que he o seu rendiemento anoal quatrosentos e trinta e dois correspondente a dessima quarenta e três reis $043».