A Quinta do Lugarinho é uma propriedade localizada na base da encosta nascente do monte de Oleiros que separa os concelhos de Guimarães e Braga. Uma ramada acompanha o percurso da estrada até à entrada, que se faz por uma porta carral inserida no muro. A quinta é composta por dois edifícios, um de habitação e um agrícola com alpendre na entrada na propriedade. A casa apresenta dois pisos, toda em granito, com planta retangular com uma varanda central sobre espaço alpendrado, aberto para uma eira de granito exposta a sul. O acesso à varanda faz-se por escada com guarda trabalhada em granito rematando com uma coluna de fuste liso, ligeiramente convexo. A cobertura é de duas águas telhadas.

Os terrenos de cultivo de vinha descem pelo vale, para nascente, até encontrar a Quinta das Pedras.

O casal do Lugarinho era propriedade da Igreja de Vila Nova de Sande, cujo domínio útil andava emprazado na vida de três pessoas. Por de prazo de 03 de abril de 1616, o Abade de Vila Nova de Sande, através do seu procurador, faz prazo do casal do Lugarinho a Beatriz da Fonseca, filha de Geraldo de Paiva Brandão, homem nobre, cidadão de Braga, última vida no prazo velho, e de sua mulher Antónia da Fonseca Godins. Embora senhores do domínio útil, não o exploravam diretamente. Haviam conseguido autorização do senhorio direto para subemprazar a propriedade, ou seja, fazer novo prazo – à face do prazo original – agregando uma terceira hierarquia à relação contratual entre homens e bem, com idêntica expressão da gradação da hierarquia social dos contratantes.

Assim, encontra-se na base desta hierarquia uma casta de lavradores que na primeira metade de quinhentos era representada pelo casal Sebastião Pires e sua mulher Catarina Pires, moradores no casal do Lugarinho, no qual casal sucede seu filho Sebastião Vaz casado com Marta Gonçalves (AMAP: Notarial n.º 21, de 11-set-1582). Estes, por sua vez, legam o direito que lhes cabia na exploração do casal do Lugarinho ao filho, António Vaz, casado com Madalena Francisca, nomeada no emprazamento de 1616 como caseira de Beatriz da Fonseca, aquando da descrição do assento do casal: «(...) Item, primeiramente umas casas terreiras que servem de cozinha em que vive a caseira Madalena Francisca uma ao norte e outra ao sul tem quatro varas e três quartas de vara de cinco palmos de comprido e outros tantos em largo de todas as partes partem com terras da mesma propriedade (...)».

Na primeira metade do século XVII residia no Lugarinho, Tomás da Fonseca Brandão, neto de Alexandre da Fonseca Brandão, vigário geral em Braga, parente de Beatriz da Fonseca, senhora do domínio útil do Lugarinho em 1616. Tomás da Fonseca Brandão era filho de Marcos Veloso e de sua mulher Susana Velosa da Fonseca, moradores no casal de Real em Garfe (São Cosme Damião); esta filha natural do citado Alexandre da Fonseca Brandão e de Isabel Veloso, solteira (ADB: A - 354-78v-79).

Tomás da Fonseca Brandão casou em Longos a 17 de novembro de 1718 com Domingas Josefa, filha de Manuel de Carvalho e de sua mulher Catarina Francisca. É provável que tenha herdado o domínio útil da quinta do Lugarinho por parentesco com Beatriz da Fonseca. Sucedeu-lhes sua filha Maria Josefa da Fonseca casada a 17 de abril de 1754 com Francisco Filipe Barbosa filho legítimo de Domingos Ferreira, já defunto e de sua mulher Josefa Maria Barbosa, do lugar do Rego, freguesia de São Lourenço de Sande.