A Casa do Assento em Gondomar, também conhecida como Quinta da Gracinha, é uma propriedade localizada no centro daquela freguesia, na Rua Pintor Abel Cardoso. O edifício encontra-se a sul da propriedade. A norte, confronta com uma área agrícola e outra quinta, e a oeste com a Igreja de S. Martinho. O edifício é em alvenaria de granito e desenvolve-se em “L” para norte, onde provavelmente se localizavam as atividades agrícolas, com dois pisos e cobertura de duas águas. O acesso fazia-se a sul, por porta carral à cota do arruamento, para a área que seria o logradouro da quinta, embora esta entrada tivesse surgido numa fase construtiva posterior.

Atualmente, o imóvel encontra-se em ruína, permanecendo apenas a estrutura em granito, envolvida por vegetação. Pela análise da edificação e das inscrições nas suas padieiras, são notórias as diversas fases construtivas. Entende-se, pois, que Casa do Assento se desenvolveu primitivamente em planta retangular, com cobertura de duas águas, à face da rua perpendicular à igreja de S. Martinho. Por volta de 1817, estendeu-se para nascente, segundo a inscrição do portão que lhe dá acesso, a sul.

A casa ou quinta da Gracinha, também conhecida por Assento de Gondomar, foi outrora propriedade da Abadia da Igreja de Gondomar. Em 1588, metade da quinta, encontrava-se emprazada ao Licenciado Simão do Vale Peixoto, corregedor na cidade do Porto, residindo aí, como simples colonos, os caseiros João Fernandes e sua mulher Catarina Martins.

No século XVIII o domínio útil da propriedade pertenceu à família dos Vasconcelos, senhores da Mota, em São Martinho do Campo, Póvoa de Lanhoso.

Um documento de transmissão de foros de 1768, lavrado na casa e quinta da Mota, informa que o denominado casal do Assento da Igreja passou a pertencer a Maria Engrácia de Vasconcelos (1763- 1850), da Casa da Mota de S. Martinho de Campo, por doação de sua tia e madrinha Engrácia Angélica de Vasconcelos (1698- 1738) que, por sua vez, a herdou de sua mãe Joana de Vasconcelos (1666-1705).

A propriedade é doada ainda em vida por Maria Engrácia, então freira dominica em Braga[1], a seu sobrinho Luís António de Vasconcelos Mota (1750-1847), que a deixou a seus filhos Luís António e Engrácia Clara (1813- 1887).

Em 1853, por acordo de partilhas, Engrácia Clara de Vasconcelos Mota fica com a “Quinta da Gracinha” (denominada nas escrituras como casal do Assento da Igreja, ou Quinta de Gondomar) e o seu irmão fica com a Quinta de S. Roque em Garfe. Por falecimento de Engrácia Clara de Vasconcelos Mota em 1887, a Quinta da Gracinha é herdada pela filha mais nova, Margarida (1846-1898), que a doa a sua filha Angelina que permanece solteira.

Ao óbito de Angelina, a Quinta é transmitida a seus irmãos, Abel e Mário Cardoso, tendo o primeiro adquirido, em 1947, a propriedade plena da Quinta.

Por falecimento de Abel Cardoso (1877-1964) a quinta é herdada pelo seu filho mais novo, Gabriel, que nos anos oitenta vende as terras a um lavrador (Manuel da Silva) e a casa a um natural da terra, emigrado em França. Perante as dificuldades em construir uma casa nova, sem alterar o traçado antigo, a casa, já em ruínas, é adquirida, no início do séc. XXI pela Junta de Freguesia, para aproveitar o espaço circundante e construir a capela mortuária da freguesia.

[1] Foros de Malta de 04-fev-1832, Documento Particular propriedade de Abel Cardoso. «O Cazal da Igreja que he Dona Maria Ingracia cazeiro José Bahia foreiro à Igreja desta freguezia a quem paga foro anoal – 1360 – acharaõ render Pam 45 alqueires vinho 12 almudes – he o rendimento anoal 20970 dessima 297».