As Confrarias e Irmandades dos Passos e Penitentes afirmaram-se, ao longo dos séculos, como promotoras do culto à Paixão de Cristo. Para além da veneração das imagens do Senhor com a Cruz às costas, de Maria a chorar a morte do seu Filho e dos instrumentos da Paixão, estas instituições organizavam na época da Quaresma a Via Crucis. Esta procissão podia ser composta por três, sete, catorze ou quarenta estações. Estas, eram marcadas ao longo do percurso por cruzes ou armações, montadas especificamente para o momento. Assiste-se, principalmente no século XVIII, à dignificação destes percursos, construindo-se no local das habituais estações os Passos em cantaria.

Neste contexto nascem os Passos de Guimarães, pertença da Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, instituição com raízes no século XVI. Dos sete passos erguidos na primeira metade do século XVIII sobrevivem cinco, que atualmente dão pelos nomes de Passo do Campo da Feira, Passo da Senhora da Guia, Passo de Santa Maria, Passo do Carmo e Passo do Largo João Franco. Os registos documentais recolhidos dão conta de que o Passo da Senhora da Guia foi o primeiro a ser construído, datando a sua encomenda de 1726. Este será o único Passo que manteve a sua primitiva localização. Em fevereiro de 1727 é encomendada a feitura de outros quatro. Um deles encontrava-se junto à Porta de Santo António, outro na Rua do Gado, hoje Rua das Trinas, o terceiro junto da Porta da Senhora da Piedade, no Toural, e o último no Terreiro das Freiras de Santa Clara. Este deverá corresponder ao conhecido Passo de Santa Maria. Em março de 1727 é decidida a construção de um oratório da Paixão no fim da Rua Escura, hoje Rua Gravador Molarinho. No mesmo ano a Colegiada permite que a Irmandade construa uma outra estrutura encostada ao seu claustro. Este Passo foi movido para o Campo da Feira para junto do Colégio de Nossa Senhora da Conceição em 1927, sendo na década de 1950 realinhado devido à reformulação do traçado da via pública. É hoje designado por Passo do Campo da Feira. Através do cruzamento de fontes  é possível que o Passo, outrora localizado junto à Porta da Senhora da Piedade, no Toural, corresponda ao Passo referido pelo Padre António Ferreira Caldas como estando, no século XIX, próximo da antiga Igreja de São Sebastião, deslocado em 1892 para o Largo de São Francisco. Este, poderá ter sido o Passo posteriormente movido para a fachada da Igreja de São Dâmaso, conforme registo fotográfico. A deslocação do conhecido Passo do Carmo, do Largo do Carmo para junto do asilo de Santa Estefânia, terá ocorrido em 1890. Uma pintura de Augusto Roquemont, datada da década de 40 de oitocentos, poderá representar as imediações do Convento do Carmo. Neste sentido, poderemos estar perante a única representação interpretativa do que terá sido, em tempos, a localização do dito Passo. Devido aos parcos registos documentais a que tivemos acesso não é possível, até ao momento, avançar-se mais nesta leitura. 

Estes pequenos oratórios de planta retangular são semelhantes entre si. A fachada é composta por um vão em arco de volta perfeita, delimitado por pilastras adossadas. O vão criado pelo arco é tapado por portadas em madeira, que encerram as figuras dispostas no interior da estrutura arquitetónica. O remate central, em formato de frontão recortado e encimado por uma cruz, é colocado no enfiamento do dito arco, apresentando decoração que vária. Por exemplo, ao Passo do Campo da Feira foi aplicada uma decoração com motivos geométricos de pendor clássico. Por sua vez, no Passo do Largo João Franco foram empregues motivos vegetalistas. Ao centro do frontão existe uma cartela, cuja inscrição varia de estrutura para estrutura. No Passo da Senhora da Guia pode ler-se «1727», data próxima à encomenda para a sua feitura, e no Passo do Campo da Feira vê-se «IHS», transcrito como Iesus Hominum Salvator. As estruturas são rematadas lateralmente, à exceção do Passo de Santa Maria, por uma urna piramidal de base quadrangular.

As Memórias Paroquiais da freguesia de S. Sebastião (1758) referem que a Procissão de Lázaro saía da antiga Capela da Senhora da Consolação e Santos Passos no Campo da Feira e seguia pelos Passos contruídos, animando as principais vias do aglomerado urbano. Da formação deste préstito faziam parte a Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, fiéis, as comunidades dos conventos de São Domingos e São Francisco, bem como o Reverendo Cabido da Colegiada. Era na igreja do Convento de São Francisco que a procissão, no século XVIII, recolhia com dois sermões no Calvário.

O conjunto dos Passos materializam o forte culto à Paixão em contexto vimaranense.  Apesar da importância histórica e devocional da Procissão de Lázaro em Guimarães, esta prática ainda não foi alvo de um estudo científico aprofundado.