Francisco Martins Sarmento é quem primeiro refere a existência de vestígios arqueológicos no lugar de Bugalhós, na freguesia de Mascotelos. Muito mais tarde, também José Salgado Guimarães, ao enumerar e descrever os vestígios arqueológicos do Picoto de Santo Amaro, faz referência a Bugalhós, através de uma descrição do Abade de Tagilde.

Segundo as descrições realizadas pelos autores mencionados, no lugar de Bugalhós, após o arroteamento de alguns campos, foram descobertas construções soterradas, que têm uma forma quadrangular, com cerca de 3,30 metros de cada lado, estando estas ladrilhadas com “pavimento de barro de grossura de quatro dedos assente em cascalho. Vi coisa de cinco deste pavimento deste pavimento in situ, à profundidade de metro (…)" (SARMENTO, 1999); Sarmento refere ainda várias pedras de construção nas imediações destas estruturas, bem como diversos fragmentos cerâmicos, nomeadamente de telha. Ainda segundo este autor, para além destes vestígios tinha sido encontrada uma moeda de ouro com letras gregas – nas palavras do proprietário, em finais do século XIX.

O lugar de Bugalhós fica no sopé norte do Picoto de Santo Amaro, já em plena zona de vale. Trata-se de uma zona que já se encontra bastante alterada em relação às descrições de Martins Sarmento, uma vez que a norte do campo assinalado para a localização dos vestígios se encontra uma escola e a este da casa da Quinta de Bugalhós se encontra já bastante urbanizada. Em prospeções realizadas no local foram vistos alguns fragmentos de telha e tijolos à superfície, mas não as estruturas mencionadas por Sarmento, Abade de Tagilde ou José Guimarães que talvez apenas uma escavação ou uma sondagem possa revelar. Recordemos que, segundo o relato acima, se encontravam a um metro de profundidade em relação ao nível do terreno.

A descrição de Francisco Martins Sarmento é preciosa no pormenor, e descreve uma construção galaico-romana de construção cuidada, ajuizando pelo pavimento em ladrilho. Poderá ser parte integrante de um casal agrícola.