A Quinta do Juiz Torto localiza-se na área sul da freguesia, no lugar de Tório. A propriedade é circundada a poente pela Rua Luís de Camões, a norte e nascente pela Rua do Juiz, a sul pela Rua do Tório, desenvolvendo-se a poente e sul no prolongamento do vale da freguesia que liga à freguesia de Arosa. A propriedade é constituída por casa principal, uma provável casa de caseiros contígua ao sequeiro e um espigueiro.

O edifício da quinta implanta-se num quadrado fechado com logradouro ao centro e ergue-se em dois andares de alvenaria granítica regular. O piso térreo acede-se a sul e destina-se a animais, enquanto o poente liga o andar habitacional à Rua Luís de Camões através de uma rampa.  O alçado nascente apresenta fachada com vãos de janela no andar tal como uma escada em granito. Possui ainda uma porta de acesso ao piso térreo, possivelmente, para entrada e saída de animais. Nesta frente é percetível a evolução do conjunto por justaposição de volumes. O alçado sul ganha mais altura, caraterizando se por uma simetria definida por porta carral no eixo de acesso ao eido. Neste alinhamento estende-se o acesso murado à entrada principal da propriedade envolvida pelo provável jardim da casa principal. A poente a fachada expõe-se apenas ao nível do andar da habitação. Soalheiro, este alçado é caraterizado por varanda coberta pelo prolongamento da cobertura com vários vãos que iluminariam, possivelmente, um compartimento social da habitação.

Implantado a norte a uma cota superior à casa principal, o sequeiro apresenta planta retangular e encontra-se envolvido por dois volumes que se presume terem formado a casa de caseiros. É composto por alvenaria de granito, de dois pisos, com as aberturas voltadas a sul separadas por quatro colunas, com uma porta através da casa de caseiro. O piso superior aparenta ter sido em estrutura de madeira, assim como a cobertura de duas águas e revestida possivelmente a telha, atualmente inexistente. A dimensão desde edifício sugere alguma capacidade agrícola da quinta.

As casas de caseiros que envolvem o sequeiro exibem configurações semelhantes. Contíguas ao alçado nascente e poente do sequeiro são ambas de planta retangular, cércea de dois pisos e coberturas de duas águas telhadas. A única diferença aparente é o aparelho granítico, irregular no edifício nascente e regular a poente.

Encostado ao limite norte da propriedade, encontra-se um espigueiro composto por três módulos. Toda a estrutura é de granito, destacando-se quatro pilares que apoiam quatro retorna-ratos, com perfil arredondado. As superfícies laterais e topos são em ripado de madeira e a cobertura de duas águas em telha.

A quinta do Juiz, como ficou conhecida nos finais do século XIX (por ser seu proprietário o juiz Amândio Vieira de Campos de Carvalho) era propriedade da reitoria da Igreja de São João de Castelões, transformada em Comenda da Ordem de Cristo.

O seu domínio útil pertenceu, provavelmente ainda antes da conversão a comenda, a Francisco da Fonseca, Arcediago de Fonte de Arcada, que a dotou em sua filha Mécia Rodrigues da Fonseca, casada com Gonçalo Pires, caseiro da mesma propriedade.

A propriedade irá continuar na mesma geração até ser adquirida por António de Melo de Sousa Lobo em 1821, e depois aos herdeiros deste, por Francisco José da Cruz e de sua mulher Dona Emília Rosa da Silva e Sá, que dotam a propriedade a sua filha Dona Maria da Purificação Cruz Carvalho, casada com o citado juiz Amândio Vieira de Campos de Carvalho.