O Castro de Sabroso é um dos povoados fortificados da cultura castreja emblemáticos de Guimarães, tendo ainda lugar de destaque no quadro geral do noroeste peninsular. Está situado no topo de um outeiro de cerca de 280 metros, na freguesia de S. Lourenço de Sande, a cerca de 2700 metros da Citânia de Briteiros. 

Este sítio foi inicialmente escavado por Francisco Martins Sarmento, nos finais do século XIX, sendo mais tarde, no final da década de 50 e na de 80 do século passado, sofrido novas intervenções, dirigidas respetivamente por Christopher Hawkes e por Teresa Soeiro e colaboradores.

O povoado apresenta uma estrutura simples, defendido por uma muralha circular, a qual se interrompe a pouco menos de metade do seu perímetro, tendo-lhe sido apenso um acrescento, claramente desarticulado com o alinhamento coerente da mesma. A muralha é de boa construção, em aparelho poliédrico, com pedras bem-talhadas e cuidadas, numa solução construtiva exigente no afeiçoamento das peças. A face revela alguma inclinação sobre o centro, solução que visaria contrapor as cargas do enchimento interno sobre as faces, fenómeno responsável pelo derruimento de algumas destas estruturas. Pela mesma razão terá sido feito um pequeno socalco de reforço, visível em alguns tramos desta potente estrutura defensiva. O espaço entre as muralhas é de cerca de 180 metros de comprimento (na orientação N-S) por 100 metros (este-oeste).

Existe um fosso, anexo ao tramo nordeste da muralha, o qual foi escavado sob orientação de Francisco Martins Sarmento. As intervenções por ele promovidas puseram a descoberto cerca de trinta e cinco estruturas habitacionais circulares, e três estruturas retangulares com os cantos arredondados, espalhadas irregularmente dentro da área muralhada, bem como alguns núcleos de arte rupestre, compostos por fossetes, círculos concêntricos e alguns figurativos.

As escavações conduzidas por Francisco Martins Sarmento foram extensivas e profundas, e incidiram sobre uma área substancial deste pequeno povoado, na sua plataforma superior, mas igualmente nas plataformas a sul e sudeste. Esta intervenção não atentou à observação da sucessão estratigráfica, deixando em aberto questões prementes na compreensão deste importante povoado. Por esta razão se sucederam mais duas intervenções, programadas, e como tal inevitavelmente mais limitadas, mas sendo-lhes difícil escapar às perturbações das escavações anteriores, então já reabsorvidas pela paisagem.

Do conjunto de intervenções realizadas constatou-se uma longa diacronia de ocupação do local, pois abundam nos seus contextos as cerâmicas mais antigas, atribuíveis ao Bronze Final e até à segunda Idade do Ferro, e ainda artefactos em outros materiais, como machados de pedra polida, lâminas de sílex e várias fíbulas em bronze. Deverão reportar-se a estas fases antigas de ocupação deste local, e a um habitat que desconhecemos, as manifestações de arte rupestre que se espalham pelo seu entorno. O volume deste material cerâmico feito a torno lento poderá articular-se com a fase de ocupação deste povoado na qual não existiriam construções em pedra, mas sim cabanas em materiais perecíveis cujos vestígios terão chamado a atenção a Florentino López Cuevillas (1946, 7-10), que regista a sua existência em Sabroso.

As cerâmicas castrejas provenientes deste povoado representam uma grande variedade de formas utilitárias, desde o armazenamento à culinária, estando presente o caraterístico “tacho de asa interior”, peça afiliada com o caldeiro de dependurar sobre o lume. As produções cerâmicas são já feitas à roda, e têm um índice significativo de decorações (Sarmento 1933, 28), mormente as estampilhadas em associação metopada. O conjunto será enquadrável numa fase de “castrejo evoluído” (Soeiro et al. 1981, 343), portanto já da sua fase final e próxima da presença romana.

O Castro de Sabroso forneceu abundantes adornos e utensílios em metal, sendo predominante o bronze em detrimento do ferro. Com efeito, já Francisco Martins Sarmento (1933, 29) reparou que as suas intervenções no Castro de Sabroso tinham revelado um conjunto de artefactos em metal superior ao encontrado na Citânia. As fíbulas e os alfinetes destacam-se em número dentro da utensilagem em bronze, mas foram igualmente encontrados anéis e braceletes, agulhas e muitos fragmentos de peças de difícil classificação. Os achados em ferro são mais raros, e dentro destes destaca-se um machado.

O cuidado no trabalho da pedra, que é uma das caraterísticas notáveis deste sítio, é visível não só nos panos da muralha, mas igualmente nos aparelhos e nas ombreiras e padieiras das casas e nas manifestações decorativas e de estatuária.

Ao contrário da Citânia de Briteiros, Sabroso parece ter sido abandonado anteriormente ao processo de romanização, ou no seu decurso, pois são raros os elementos materiais que confirmem a ocupação do castro neste período.

O Castro de Sabroso é propriedade da Câmara Municipal de Guimarães, sendo a sua gestão feita pela Sociedade Martins Sarmento.