No PDM de Guimarães de 1994, e na Carta Arqueológica do município de Guimarães encontra-se assinalado um povoado fortificado no alto das Senhoras do Monte, na freguesia de Serzedelo. Já Francisco Martins Sarmento havia mencionado a possibilidade de ter existido um reduto fortificado neste local, sem, no entanto, ter encontrado evidências que suportasse a sua teoria.

Uma outra referência à probabilidade de este monte ser utilizado como reduto fortificado, prende-se com o facto de ser mencionado como “Mons Cavallus” ou “Mons Caballus” em textos medievais (Costa 1981, pág. 145).  Seguindo a teoria já defendida por Carlos Alberto Ferreira de Almeida, Mário Barroca (2004) sugere que alguns topónimos como mons, alpe ou castrum, poderiam designar algum tipo de fortificação em época medieval, nomeadamente dos tipos castelo roqueiro ou cerca defensiva, construídos no alto dos montes.

O monte das Senhores do Monte é um conjunto de elevações, cujo ponto mais alto é o local se encontram implantadas duas capelas de invocação às Senhoras do Monte. A este conjunto orográfico convergem os limites de quatro freguesias do concelho vimaranense: Serzedelo, Nespereira, S. Cristóvão de Selho e Gandarela. O monte está densamente arborizado com eucaliptos, sendo alguns espaços de plantio recente, bem como com pinheiros e carvalhos, alternando com grandes áreas recobertas de vegetação arbustiva rasteira. Todo o espaço está entrecortado por uma densa rede de caminhos florestais, com bastante utilização quer para acesso às capelas pelos fiéis nas romarias, quer por caçadores ou praticantes de desportos motorizados ou ciclismo. Um pouco por todo o monte se encontram batólitos graníticos, de diferentes tamanhos e aglomerados em núcleos de densidade variável. 

Martins Sarmento colocou em hipótese ter aqui existido algum tipo de povoamento fortificado, embora nunca tenha verificado a existência de vestígios de fortificação. Os fragmentos de cerâmica que então encontrou foram entendidos como lixo dos merendeiros dos romeiros do santuário, sendo escassos os que Sarmento avaliou como claramente mais antigos.

A visita ao local no âmbito deste inventário apenas revelou materiais modernos de construção, e as marcas em alguns batólitos no terreiro do santuário indiciam o corte de pedra para extração.  Nas encostas do monte não se verificou qualquer indício topográfico consentâneo com estruturas defensivas ou quaisquer outras construções. Face aos vestígios detetados por todos os que referiram este local, não é possível caracterizar com rigor qualquer outra ocupação além da atual, de santuário. Contudo, não se descartam as sugestões acima, mantendo as suspeitas, enquanto tal, até que novas evidências venham esclarecer os tipos de ocupação anterior deste local.