A Quinta do Assento, em Azurém, localiza-se por detrás do pólo universitário de Guimarães, e entre este e a rodovia. Trata-se de uma unidade de exploração agrícola situada na periferia do núcleo urbano de Guimarães, e ocupando uma encosta voltada a sul, e ao cabeço no qual se implanta o castelo de Guimarães. Este regime de propriedade protegeu o amplo espaço da lenta urbanização que se estendeu por toda a área circundante desde os inícios do século XX. A construção da via circular cerceou a propriedade, cruzando-a a cotas elevadas, razão pela qual não provocou perturbações de monta. O espaço está organizado em leiras amplas, com algum pendor face à linha de água, sendo entrecortado por alguns muros de suporte de terras que vencem os pendores mais acentuados.

Este quadro foi alterado pela implementação de um projeto de construção de um complexo comercial que foi acompanhado de medidas de avaliação e minimização arqueológica, realizadas em 2006. De resto, já Francisco Martins Sarmento tinha alertado para a existência de materiais de construção, aparentemente de época galaico-romana, dispersos pelos campos das redondezas. Os trabalhos de avaliação trouxeram à luz evidências de ocupação de várias épocas, as quais motivaram intervenções mais objetivas, nomeadamente a escavação em área.

O espaço foi objeto de uma ampla e continuada escavação arqueológica, realizada entre 2007 e 2011, na qual foram exumados abundantes vestígios arqueológicos, desde estruturas arqueológicas de tipologias diversas um vasto conjunto de materiais arqueológicos. Este amplo trabalho ainda não mereceu estudo de pormenor, sendo a única fonte de informação disponível à data aquela que foi incluída no relatório dos trabalhos arqueológicos realizados, e entregue à tutela.

No decurso dos trabalhos foi detetado um amplo e consistente conjunto de vestígios que documenta a ocupação continuada deste espaço durante a pré-história recente, ao longo do IIIº milénio a.C., e mais precisamente no que tem vindo a ser classificado como Calcolítico Final regional. Pela sua configuração e posicionamento topográfico, tratar-se-á de uma ocupação de tipo aberto, caraterística desta época, implantada na encosta e junto de uma linha de água, tendo sido identificadas várias estruturas funcionais. Os vestígios de habitat constam essencialmente de traços, sulcos, valas ou fossas demarcadas no substrato da alterite granítica, a maioria dos quais deverá ser entendida como um indício, ou subproduto, da estrutura que estaria a uma cota superior, acima do nível do solo. Por esta razão, todos os vestígios carecem de análise muito cuidada e posterior interpretação tipológico/funcional.  Estes vestígios escavados no saibro sugerem a presença de fundos de cabana, de lareiras, silos para armazenamento, e áreas de trabalho artesanal, nomeadamente de produção de artefactos líticos.

Os materiais exumados incluem vestígios de várias épocas, presumivelmente residuais e carreados para o local com movimentos de escorrimento terras, ou de carreamento estrumes.  O conjunto mais consistente, até porque associado a estruturas, consiste nos materiais do Calcolítico que incluem abundantes fragmentos da produção cerâmica do tipo Penha, com as suas caraterísticas decorações compostas por associações de incisões profundas, feitas na pasta fresca.

No quadro das utensilagens, ocorrem em elevado número pontas de seta, machados, enxós, lâminas/lamelas, furadores, lascas, raspadores, raspadeiras, buris (e micro-buris) percutores, entre outros de menor expressão quantitativa, como artefactos ligados às atividades de moagem e de metalurgia.

Este importante sítio encontra-se ainda em decurso de intervenção arqueológica. O seu estudo contribuirá com dados novos e importantes para o entendimento das estratégias de ocupação da paisagem durante a Pré-História Recente, ao documentar a ocupação de zonas baixas e próximas dos aluviões. A articulação entre este sítio e outras evidências que têm vindo a surgir nas proximidades contribuirá para repensar os paradigmas vigentes sobre a ocupação dos espaços e a exploração dos recursos nesta fase da Pré-História.