O rio Selho é uma das linhas de água principais do concelho de Guimarães, sendo afluente da margem esquerda do rio Ave. Nasce no concelho de Fafe, em Santa Marinha, a cerca de 580 metros de altitude, sensivelmente a 3,25km nordeste de S. Torcato. Desagua no rio Ave, no limite entre as freguesias de Gondar e Serzedelo, a cerca de 83 metros de altitude, atravessando todo o concelho, desde a extremidade nordeste da freguesia de Gonça até ao limite sudoeste da freguesia de Gondar. A extensão do rio Selho é de aproximadamente 21km, atravessando áreas agrícolas, áreas florestais e urbanizadas.

Esta linha de água tem a bacia hidrográfica inserida quase na totalidade no concelho de Guimarães, ou seja, cerca de 66 km2 do total de aproximadamente 67km2. Do total que compõe a bacia hidrográfica, 42% é área agrícola, 34,1% é área florestal e 23,1% é área urbanizada. O vale do rio Selho é ocupado desde há seculos por vias de comunicação importantes como é o caso da estrada real, aproveitando a conformação natural do próprio vale. Atualmente o troço da estrada real que ocupa o vale do rio Selho foi substituído pelas E.N. 206 e E.N. 310. Tal como acontece com rio Ave, também o rio Selho se tornou um eixo de desenvolvimento do território, potenciando a ocupação agrícola que ao longo do tempo veio a ser substituída por ocupação industrial. Assim, este território que envolve o rio Selho carateriza-se pela ocupação urbana difusa com forte implantação industrial. Dos cerca de 20km que percorre dentro do concelho de Guimarães, o Selho passa por 14 freguesias(Gonça, São Torcato, Aldão, Selho São Lourenço, Penselo, Fermentões, Creixomil, Candoso S. Tiago, Silvares, Candoso S. Martinho, Selho S. Jorge, Selho S. Cristóvão, Gondar e Serzedelo).

De montante para jusante, assinalam-se alguns afluentes do rio Selho, na margem direita: o ribeiro de Golpilheiras, o ribeiro do Bacelo, o ribeiro de Reguengo, em Gonça; o ribeiro de Poveiras, o ribeiro de Cerdote, o ribeiro da Gateira, em São Torcato; o ribeiro de Louredo, em Selho São Lourenço; o ribeiro de Galtar, o ribeiro de Penessal, em Fermentões e o ribeiro do Bairro, em Selho S. Jorge. Na margem esquerda, desaguam a ribeira da Aveleira/ribeira das Quintãs, o ribeiro de Pousada, o ribeiro de Canião, o ribeiro do Cabeção e o rio de Atães, em São Torcato; o ribeiro da Verguinha, em Aldão; o ribeiro de Madureira e o ribeiro de Mourão, em Penselo; o ribeiro de Couros, em Creixomil; o ribeiro da Monda, em Candoso S. Tiago; o ribeiro de Codeçal, o ribeiro das Donas e o ribeiro do Campo de Agra, em Candoso S. Martinho; o ribeiro de S. Cristóvão, o ribeiro da Devesa e o ribeiro do Giestal, em Selho São Cristóvão; o ribeiro de S. Miguel, o ribeiro de Crasto, o ribeiro do Calvário, em Serzedelo.

A tipologia de margens divide-se essencialmente em margens naturais com sedimentos e margens limitadas com muros em pedra, havendo pontualmente outros tramos de margens com muros em blocos de cimento, margem natural em rocha e curso canalizado. Estas características das margens têm implicações diretas sobre o desenvolvimento da vegetação ripícola, que é de uma forma geral de baixa qualidade. O escoamento do rio Selho é lento devido ao baixo declive médio longitudinal, principalmente na parte intermédia e inferior do curso de água, propiciando a concentração de água que leva a assoreamentos, com acumulação de sedimentos e consequentes cheias frequentes.Há estrangulamento do curso de água em alguns locais, por estruturas físicas e infraestruturas no leito do rio e margens (como fábricas, moinhos, pontes, diques) como acontece no lugar de Selho ou na fábrica de curtumes em Caneiros. Apesar de predominarem as rochas granitóides, que tornam os solos menos férteis (devido à escorrência superficial elevada), em alguns troços do rio Selho, como em Fermentões, o solo com características de aluvião irá possibilitar maior taxa de infiltração e permitir que se desenvolva alguma agricultura intensiva.

Devido à ocupação dos terrenos com a agricultura, em São Torcato, próximo à quinta de Agras, o rio faz um meandro vincado. Há um outro meandro a jusante da Ponte Românica em Selho São Lourenço, com a mudança de direção do rio. Em Penselo o curso de água também sofre bastante meandrização. Em Fermentões, o curso de água mantém o mesmo comportamento, com o curso de água a seguir uma direção com bastante sinuosidade. Os meandros aqui existentes poderão dever-se à ocupação de margens com fábricas e outras estruturas. A sinuosidade do rio mantém-se até à foz no rio Ave, com exceção de um troço mais retilíneo, entre Selho São Jorge e Gondar, na margem direita, e Selho São Cristóvão, na margem esquerda. A menor sinuosidade deste troço e do troço que atravessa Gonça e São Torcato pode estar associada ao tipo de rocha que predomina na composição dos solos, tal como se observa na Carta Geológica.

A ocorrência de património ao longo do rio é diversificada, estando identificados os seguintes imóveis, listados de montante para jusante: moinho, em Gonça, próximo à quinta de Figueiras; vários moinhos em São Torcato, um moinho próximo à quinta do Tojal, os moinhos do Cacheiro e outros; os moinhos em Aldão; moinho e conjunto molinológico do Barregão, em Selho São Lourenço; moinho de Covas, moinho de Gualtar, em Penselo; moinhos de Caneiros, em Fermentões; dois moinhos em Creixomil; moinhos em Candoso S. Martinho.