O rio Ave é a principal linha de água que atravessa o concelho, nasce em Vieira do Minho e desagua no oceano Atlântico, em Vila do Conde. Tem uma extensão total de 90km, dos quais cerca de 30km atravessam o concelho de Guimarães, correspondendo ao terço médio do rio, passando em 19 freguesias (Arosa, Castelões, Gondomar, Donim, Souto Santa Maria, Briteiros Santo Estêvão, Souto S. Salvador, Barco, Prazins Santa Eufémia, Caldelas, Ponte, Sande Vila Nova, Brito, Silvares, Selho São Jorge, Ronfe, Gondar, Serzedelo e Sande S. Clemente)[1]. Nestes 30km, conta com mais de 36 afluentes, um vasto património construído ao longo do leito e margens que percorrem e definem paisagens diversificadas - desde galerias ripícolas, áreas agrícolas, zonas rochosas, parques urbanos, zonas urbanas e zonas industriais. Há referências que indicam a possibilidade de, etimologicamente, o nome “Ave” ter surgido da palavra romana “Avus”, proferida por Ptolomeu (no século II d.C.), podendo significar uma saudação à beleza do rio e às suas margens (Carmo, 2006, apud Martins, 2009)[2]. O rio Ave tem nascente localizada próximo dos 1200 metros de altitude, na serra da Cabreira, concelho de Vieira do Minho, a cerca de 15 km do concelho de Guimarães. Tem a foz localizada em Vila do Conde, aproximadamente a 30 quilómetros a poente de Guimarães.  Todo o rio Ave é um eixo de convergência de diversos afluentes, que associado à orografia própria da região, permite desenhar o chamado “Vale do Ave”, marcando a paisagem vimaranense. A rede de cursos de água concelhios que converge para o rio Ave, formando uma malha densa, permitiu sempre uma grande disponibilidade de recursos hídricos, de caudais permanentes, influenciando a localização de povoamentos, vias de comunicação, agricultura e outras atividades económicas da região (Marques, 1987).[3]

O Vale do Ave divide-se em três sub-regiões - Alto Ave, Médio Ave e Baixo Ave, distinguindo-se cada área pelo relevo e altitude. Esta linha de água, de regime permanente, tem uma área de bacia hidrográfica total com cerca de 1390 km2, onde está incluído todo o concelho de Guimarães, com cerca de 241km. (Martins, 2009).[4] As bacias hidrográficas que confrontam com a bacia do rio Ave são, a norte, a bacia do rio Cávado, a este, a bacia do Douro e a sul as bacias do Leça e Douro. O rio entra em Guimarães, sensivelmente à cota 190 m, na freguesia de Castelões, que se localiza na sua margem esquerda, próximo do lugar de Varzielas, separando-se neste limite, do concelho da Póvoa do Lanhoso, na margem direita. Nesta freguesia, tal como nas restantes, o rio Ave corresponde ao limite da freguesia, tendo como exceção troços em Donim e Ponte, onde o rio separa as freguesias.

Dentro do concelho de Guimarães, dos afluentes que desaguam no rio Ave, de montante para jusante, podem destacar-se na margem esquerda: o ribeiro das Duquesas, o ribeiro de Vilarinho de Baixo, o ribeiro da Abelheira, o ribeiro do Olival do Senhor, o rio Pequeno/Torto, o ribeiro do Jogo, o ribeiro da Grabaia, o ribeiro de Barroco, o ribeiro de Rendufe, o ribeiro do Jogo, a ribeira de Souto, a ribeira de Talhoz, o ribeiro de Segade, o ribeiro de Formal, o ribeiro da Casca, o ribeiro de Souto de Ribas, o ribeiro do Fundo, o ribeiro de Ardão/Silvares, o ribeiro da Ponte de Brito, o ribeiro das Casas Novas, a ribeira do Ribeiro, o ribeiro da Devesa, o rio Selho e o ribeiro da Portelinha.

Na margem direita, destacam-se: o ribeiro do Chãs de Lamas, o ribeiro de Linhares, o ribeiro de Santo Estêvão, o rio de Agrela, a ribeira de Canhota, o rio das Pontes, o ribeiro de Ferrujal, o ribeiro do Bonfim, o ribeiro da Lameira, o ribeiro de Atiães, o ribeiro de Oleiros e o ribeiro de Lourinhã.

Ao longo do leito do rio Ave ocorrem alguns assoreamentos/depósitos de areia, mouchões e ilhas, com especial destaque para o assoreamento a jusante do ribeiro da Abelheira (em Castelões): o mouchão junto ao parque de lazer de Gondomar; o mouchão de grandes dimensões a montante da ponte que faz a ligação entre Prazins Santa Eufémia e Barco; o mouchão entre a Ponte de Brito e parque de lazer de Silvares, próximo do açude e do pontilhão. Também são de mencionar os estreitamentos e estrangulamentos naturais das margens, merecendo referência: o que ocorre entre os moinhos da Parpalhota e os moinhos da Quinta da Azenha; as margens e leito pedregoso, próximo à foz do ribeiro de Bonfim; as margens, a montante da mini-hídrica de Ronfe e o leito, entre a mini-hídrica de Ronfe e a foz do Selho. O leito apresenta algumas mudanças bruscas de direção, frequentemente associadas à alteração dos estratos geológicos e que origem tramos com uma configuração de exceção, dos quais se indicam: o meandro existente entre Caldelas e Ponte; a mudança de direção após o parque da Ínsua; o meandro que corre perto do lugar de Pombarelho, com a quinta da Ribeira, na margem esquerda; mudança de direção e meandro, a jusante da mini-hídrica de Ronfe; a mudança de direção a jusante da foz do rio Selho, o outeiro rochoso entre os moinhos da Parpalhota e os moinhos da Quinta da Azenha.

A ocorrência de património ao longo do rio é diversificada, merecendo referência o conjunto dos “Três Moinhos”, em Castelões; o moinho e azenha, na foz do rio Pequeno com o rio Ave, em Arosa; os moinhos, em Donim; o conjunto molinológico dos “Moinhos do Bairro”; os moinhos da Parpalhota; os moinhos da quinta da Azenha, em Souto São Salvador; o conjunto molinológico, a montante da ponte de Brito; os moinhos do Requeixo, em Ronfe e o moinho no limite do concelho, em Serzedelo. Também é de destacar o pontilhão de Naceiros e a ponte, entre Gondomar e o concelho da Póvoa de Lanhoso; a ponte medieval, em Donim; o pontilhão entre Caldelas e Ponte; o pontilhão a jusante da ponte de Brito e a ponte de Serves, em Gondar. Entre as represas e açudes podem referir-se as represas em Donim; o açude entre Caldelas e Ponte; o açude a montante da ponte de Brito; a represa junto à foz do rio Selho no Ave. A mini-hídrica dos Infernos, em Ronfe, é outra construção que deve ser mencionada pela presença que tem nas margens do rio.

Em Castelões e parte de Arosa, de montante para jusante, o rio Ave forma um vale encaixado, com margens declivosas (entre os 15 e 25%, ou superior, de acordo com a Carta de declives do Plano Director Municipal de Guimarães de Fevereiro de 2015) tendo ainda as características que predominam na sub-região do Alto Ave - linhas de água de montanha.

Aqui, existe uma galeria ripícola densa, sendo mais esparsa junto do conjunto dos Três Moinhos, em Castelões, aí composta essencialmente por amieiros (Alnus glutinosa) e vidoeiros (Betula celtiberica).

Mais a jusante, já na freguesia de Arosa, a mudança da paisagem coincide com a mudança de localidade. A partir daqui a galeria ripícola perde densidade do lado do concelho de Guimarães e começa a surgir o vale mais aberto com maior presença de uma paisagem de características agrícolas.

Na margem esquerda do rio, em Gondomar, é acompanhada por galeria ripícola, que serve de limite para os campos agrícolas contíguos. Esta cortina de vegetação é essencialmente arbórea, estreita e tem como espécies predominantes o Choupo (Populus spp.). e o amieiro (Alnus glutinosa). Aqui o leito do rio é mais largo e tem uma ilha pequena e estreita, com a presença de algumas das espécies arbóreas já referidas.

A jusante da ponte que liga Souto São Salvador e Briteiros Santo Estêvão, a margem esquerda é ocupada por uma extensa área florestal plantada em alinhamentos bem definidos que a tornam particular no contexto da paisagem agrícola envolvente aos terrenos da Quinta do Reguengo.

Na margem esquerda do rio, próximo a Estação de Tratamento de Água de Stª. Eufémia de Prazins, no limite entre as freguesias de Prazins Santa Eufémia e Ponte, assinala-se uma mancha com alguma dimensão de choupo-negro (Populus nigra) contínua até ao parque de lazer de Ponte. 

Entre Caldelas e Ponte, onde o rio inflete, situa-se o Parque de Lazer das Taipas, com as margens ocupadas por exemplares arbóreos de dimensão considerável.

Entre o lugar de Pombarelho, em Sande Vila Nova, e Campelos, em Ponte, a ocupação maioritariamente agrícola, de vegetação ripícola e florestal, dá lugar a zonas urbanizadas e áreas industriais.

Em Brito, próximo da unidade industrial de produção de plásticos, o rio é acompanhado por vegetação ripícola densa, que surge também na base de um outeiro, localizado na margem direita.

Junto à Ponte de Brito, destaca-se uma mancha densa de vegetação ripícola, composta essencialmente por amieiro (Alnus glutinosa) e a borrazeira-preta (Salix atrocinerea).

Em Brito, Ronfe e Selho de São Jorge, as margens do rio são dominadas por uma forte ocupação industrial, que se aproxima do leito do rio.

Na margem esquerda do rio, nas freguesias de Gondar e Serzedelo, a prevalência de áreas agrícolas volta a ganhar expressão, sendo que a presença de vegetação arbórea densa na envolvente da ETAR de Serzedelo permite minimizar a sua presença. A partir deste ponto dá-se o alargamento do Ave, estrangulando novamente a jusante da passagem sob o viaduto da A7.

Ao longo do seu percurso pelo concelho, o rio Ave apresenta diversos espaços com interesse, que se identificam:

- A barragem das Andorinhas, em Castelões, com um plano de água significativo, que pertencente maioritariamente ao concelho da Póvoa de Lanhoso;

- No trecho inicial do rio no concelho e Guimarães, o conjunto dos “Três Moinhos” e a sua envolvente arborizada têm acesso automóvel a partir do centro da freguesia de Castelões, o que permite a visita de toda esta zona. Neste local, o leito do rio tem, em épocas mais secas, um caudal baixo, aflorando o leito pedregoso, que permite o atravessamento pedonal. Nas margens, uma área de areão permite a estadia, havendo um caminho ao longo da margem até ao ribeiro da Abelheira;

- Em Arosa, na Praia Fluvial da Rola, uma represa cria um plano de água de dimensões consideráveis, nas margens do qual, foram criadas zonas de estadia, com acesso automóvel a partir da Estrada Nacional 207, tendo equipamentos de apoio a visitantes do lado da Póvoa de Lanhoso;

- Em Gondomar, destaca-se o parque de lazer, na margem esquerda, o mouchão no rio, assim como o pontilhão de acesso à Quinta Vila Beatriz (pertencente à Póvoa de Lanhoso);

- Em Donim, assinala-se a presença da ponte medieval de Donim, assim como omoinho e represa a montante;

- Em Souto Santa Maria, destaca-se o “Moinho do Vaqueiro” assim como açude que o alimenta;

- Em Briteiros Santo Estêvão, na margem direita, encontra-se a praia fluvial da Fraga, acessível de automóvel, com parque de merendas e área arborizada (composto sobretudo por folhosas) que criam vários espaços de ensombramento;

- Em Caldelas, o Parque de Lazer das Taipas, que fica localizado na margem direita do rio, com várias infraestruturas de lazer e um conjunto arbóreo assinalável de diversas espécies de carácter ornamental e ripícola;

- Em Silvares, os extensos terrenos agrícolas da Quinta de Requião, contíguos à autoestrada A11, com vegetação ripícola, que acompanha o rio e o Parque de Silvares, marcam esta área da margem esquerda do rio;

- Em Serzedelo, o Parque de Lazer, na margem esquerda do rio, possui algumas valências para lazer, como um parque de merendas, pequenos percursos pedestres, circuito de manutenção, bem como um coberto arbóreo que gera espaços de sombra ao longo do rio, tirando partido do património natural presente.

[1] Freguesias anteriores à Reorganização Administrativa do Território das Freguesias, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro

[2]Martins, Maria do Céu, Anexo A - Sistemas Estruturantes | Ave - Rede Parques Metropolitanos na Grande Área Metropolitana do Porto. Relatório Final. Fevereiro, 2009 (Disponível em : http://rios.amp.pt/sitios-amp/static/public/rios/SistemasEstruturantes-AVE.pdf, acedido em Fevereiro 2020)

[3] Teresa Marques, Álvaro Domingues, Breve Caraterização do “Vale do Médio Ave”, Revista da Faculdade de Letras: Geografia, I série, vol. 3, p. 268-271. 1987 (URl: http://hdl.handle.net/10216/7942)

[4] Martins, Maria do Céu, Anexo A - Sistemas Estruturantes | Ave - Rede Parques Metropolitanos na Grande Área Metropolitana do Porto. Relatório Final. Fevereiro, 2009 (Disponível em : http://rios.amp.pt/sitios-amp/static/public/rios/SistemasEstruturantes-AVE.pdf, acedido em Fevereiro 2020)